Realizado por Phlip Kaufman em 1990, Henry e June retrata o início a relação entre Henry Miller e Anaïs Nim, quando o autor de Sexus se muda para Paris. O filme conta com Maria de Medeiros, Fred Ward, Uma Thurman e Kevin Spacey nos principais papéis.
Se o conceito está na moda para tudo, por que não haveria de estar também para os livros? É o argumento para se reunirem estes três livros – com mais a caminho – sob o mesmo “tecto”: uma Colecção Vintage. O grafismo das capas pisca discretamente o olho ao conceito, mas não é esse o objectivo principal a reter. Aqui, é à intenção que se deve dar valor. Porque no fundo trata-se apenas de um bom motivo para dar nova vida a obras fundamentais de uma selecção cuidadosa de escritores conceituados. Se já temos Sexus – o ponto inaugural da fundamental trilogia Rosa-Crucificação –, O Livro do Riso e do Esquecimento – pano de fundo para toda uma obra de casamento entre humor e reflexão filosófica – e A Terceira Condição – o pulsar mais claro de uma voz que tem tanto de literária como de histórica –, não precisamos de pedir muito mais para que os ventos da moda vintage tenham sido bem aproveitados.
Podem também encomendar A Terceira Condição, de Amos Oz, através da Mediabooks.
Cinco dias antes do drama, Fima teve um sonho que registou às cinco e meia da manhã no seu bloco de sonhos. Este, de cor castanha, jazia debaixo de uma pilha desordenada de jornais e revistas velhos que se encontrava no chão, aos pés da cama. Fima tinha o costume de escrever na cama, aos primeiros alvores da madrugada, quando a luz pálida surgia quebrada pelas ripas dos estores. Se não tinha sonhado nada ou se se tinha esquecido, mesmo assim acendia o candeeiro, piscava os olhos, sentava-se na cama e, colocando sobre os joelhos uma revista grossa que improvisava um tampo de mesa, escrevia, por exemplo, isto:
“Vinte de Dezembro — nada.”
ou:
“Quatro de Janeiro — algo com uma raposa e uma escada, mas com pormenores apagados.”
Continue a ler A Terceira Condição aqui.
© Rina Castelnuevo / The New York Times
Durante quatro décadas, Amos Oz tem sido conhecido em Israel e no mundo por duas coisas, os seus fervorosos ideais políticos de esquerda e a sua ficção intimamente observadora. Ele sempre insistiu que são duas coisas distintas, e assim parecem. Os seus romances e contos não são alegorias sobre o conflito palestiniano, mas relatos produndamente tocantes de ambiguidade e melancolia. Por outro lado, os seus ensaios políticos, explicam o seu ponto de vista com uma transparência absoluta.
Uma das maneiras que ele tem de separar as duas formas de escrita é usando dois tipos de canetas, uma azul, a outra preta, que estão pousadas na secretária do escritório repleto de livros na sua casa, nesta pacata cidade no deserto.
“Nunca as misturo”, afirma Amos Oz sobre as canetas. “Uma é para mandar o governo para o Inferno. A outra é para contar histórias.”
Leia o resto da entrevista a Amoz Oz, publicada hoje no The New York Times, aqui.
"Ser um israelita com setenta anos é provavelmente como ser um sueco com duzentos anos, uma vez que já vi muita coisa, já vi tudo. Nasci antes da criação do Estado, e lembro-me dos dias anteriores ao nascimento do Estado e dos primeiros dias e anos do Estado de Israel. É bom ser israelita, apesar de ser uma vida dura, mas pelo preço de uma vida normal vivemos duzentos anos."
A cidade de Arad, onde reside Amos Oz, será palco de um festival para assinalar os setenta anos do autor, que nasceu a 4 de Maio de 1939, em Jerusalém. O evento será realizado entre 7 e 9 de Maio e contará com a presença de Shimon Peres, Presidente de Israel.
Um ponto de vista apaixonante sobre o conflito que opõe israelitas e palestinianos.
Fima é um sonhador totalmente incapaz de agir sobre a sua própria vida. Este homem de meia-idade sofre por sentir que decepcionou o seu pai ao acomodar-se a um emprego como recepcionista de uma clínica ginecológica, e a sua ex-mulher, a quem permitiu abandonar o casamento sem opor qualquer resistência. Fima também se decepciona a si próprio diariamente. Fascinado pela carismática Annette, nada faz para se aproximar dela e mantém uma amizade estéril com Nina, para quem cada acto sexual dá azo a uma obsessiva espiral de limpeza pessoal e doméstica. Ele não consegue sequer matar uma barata sem que se sinta sufocar em reflexões sobre o povo judeu. Fima acabará, contudo, por ter o seu momento de redenção durante um passeio pelas ruas de Jerusalém, quando se pacifica por fim com o seu estatuto de judeu errante.
“Um romance notável. Se o leitor é daqueles que ainda não foram tocados pela magia do verbo deste escritor, sugerimos-lhe que faça a sua estreia com A Terceira Condição.”
“Um livro interessante feito de memória, actualidade e afectividade. Podemos dizer que Amos Oz é a voz frontal do seu povo. Igual ao húmus da sua terra.”
“Um romance de alto nível literário.”
“O mais encantador personagem literário da década.”
Elle
“Espantoso, electrizante e inebriante.”
The New Yorker
“Realista e onírico, cómico e grave, límpido mas enigmático, A Terceira Condição confirma o lugar de Amoz Oz entre os maiores romancistas contemporâneos.”
L’Hebdo
“Eloquente, humano, até religioso no sentido mais profundo da palavra, Amos Oz emerge como uma espécie de Orwell sionista: um homem complexo, obcecado com a decência e determinado, acima de tudo, em contar a verdade, independentemente de quem possa ofender.”
Newsweek
Amos Oz nasceu em Jerusalém, em 1939, no seio de uma família judaica de emigrantes russos e polacos. Aos 15 anos enfrentou o pai e abandonou Jerusalém para viver e trabalhar no kibutz de Hulda, onde completou o ensino secundário. Após terminar o serviço militar em 1961, voltou ao kibutz para trabalhar nos campos de algodão.
Com apenas 20 anos publicou o seu primeiro conto na prestigiante revista literária Keshet, tendo a assembleia do kibutz decidido enviá-lo para a Universidade Hebraica de Jerusalém para estudar Filosofia e Literatura. Voltou licenciado ao kibutz de Hulda, onde repartiu o tempo entre a escrita, o trabalho e o ensino.
Em 1967, era reservista da unidade de blindados que lutou na frente do Sinai durante a Guerra dos Seis Dias e, em Outubro de 1973, combateu na Guerra do Yom Kippur nos montes Golã.
Entre 1969 e 1970 foi professor convidado no St. Cross College de Oxford. Em 1975 e 1990, foi escritor residente na Universidade Hebraica de Jerusalém. Entre 1984 e 1985, passou, com a mulher e o filho, um ano como professor residente no Colorado Spring College nos Estados Unidos.
Amos Oz continua a dedicar-se à escrita e ao ensino. É professor catedrático de Literatura Hebraica na Universidade Ben-Gurion do Neguev
Desde a Guerra de 1967, Amos Oz publicou inúmeros artigos e ensaios sobre o conflito israelo-árabe e fez campanha a favor da paz através de um compromisso baseado no mútuo reconhecimento; da convivência pacífica entre Israel e um Estado palestiniano na Cisjordânia e
Em 1991, foi eleito membro da Academia da Língua Hebraica. Em 1992, recebeu o Friendenpreis, outorgado pelo governo alemão e um dos mais prestigiantes pela luta a favor da paz. Em 2004, recebeu o Prémio Internacional da Catalunha e Uma História de Amor e Trevas o Prémio France Culture e o Prémio de Literatura do Die Welt. Em 2007, recebeu o Prémio Príncipe de Astúrias de Literatura.
É autor de doze romances, três livros de contos, sete ensaios e um livro infantil. No catálogo ASA estão já publicados os romances A Terceira Condição, Não Chames à Noite Noite, Uma Pantera na Cave, O Meu Michael, O Mesmo Mar e Uma História de Amor e Trevas.
Amos Oz é o autor israelita mais traduzido em todo o mundo, estando as suas obras disponíveis em 36 línguas.
1965 – Prémio Holon para Artzot Ha-Tan
1968 – Prémio da Fundação Cultural Israelo-Americana
1973 – Prémio B’nai B’rith
1976 – Prémio Brenner de Literatura para Har Ha-Etzah Ha-Rah’ah
1978 – Prémio Ze’ev de Literatura Infantil para Soumchi
1983 – Prémio Bernstein de Literatura para Menuhah Nechonah
1984 – Oficial da Ordem das Artes e das Letras de França
1985 – Nomeado Escritor do Ano pelo Lotos Club
1986 – Prémio Bialik de Literatura
1988 – Prémio Femina Étranger para A Caixa Negra
Prémio H. H. Wingate para A Caixa Negra
1991 – Membro da Academia de Língua Hebraica
1992 – Prémio da Paz da Feira do Livro de Frankfurt
1993 – Prémio Luchs de Literatura Infantil para Soumchi
Prémio Hamoré de Literatura Infantil para Soumchi
1994 – Prémio Maurice A. Stiller de Literatura
1997 – Cavaleiro da Cruz da Legião de Honra de França
Prémio Blue Cobra para Uma Pantera na Cave
1998 – Prémio de Literatura de Israel
1999 – O Meu Michael foi considerado um dos 100 melhores romances do século XX pela Bertelsmann
2002 – Medalha Internacional da Tolerância
Prémio Liberdade de Expressão
2003 – Prémio Wizo para O Mesmo Mar
2004 – Prémio Internacional da Catalunha
Prémio de Literatura do Die Welt para Uma História de Amor e Trevas
Prémio France Culture para Uma História de Amor e Trevas
Prémio Literário Sandro Onofri para Uma História de Amor e Trevas
Prémio Literário Ovidius
Prémio da Paz da Lombardia
2005 – Prémio Goethe de Literatura
Prémio Bruno Kreisky de Literatura Política para Uma História de Amor e Trevas
Comandante da Ordem das Artes e das Letras de França
Prémio Koret para Uma História de Amor e Trevas
Jewish Quarterly-Wingate Literary Award para Uma História de Amor e Trevas
Membro Honorário da Sociedade Helénica de Autores
2006 – Prémio Internacional Corine de Literatura
Prémio Nacional Judaico de Literatura para Uma História de Amor e Trevas
Prémio SY Agnon para Uma História de Amor e Trevas
Prémio Europa
2007 – Membro da Academia Americana de Artes e Ciências
Nomeado Homem do Ano pelo Museu de Arte de Telavive
Prémio Grinzane Cavour de Literatura
Prémio Príncipe de Astúrias de Literatura
Cruz de Honra da República Federal da Alemanha
Prémio Maggid
2008 – Prémio Stefan Heym
Prémio Dan David
Prémio Primo Levi
Prémio Ulisses
Prémio Henrich Heine
2010 – Grande Prémio de Budapeste
Prémio Internacional Salão do Livro de Turim
No dia 30 de Novembro de 1980, o The New York Times publicou uma extensa entrevista de Philip Roth a Milan Kundera, a propósito de O Livro do Riso e do Esquecimento. Podem ler o artigo em que este dois pesos pesados da literatura mundial discutem sobre o fim do mundo, o totalitarismo, a liberdade, a literatura, o riso e a sexualidade aqui.
Para ler também a crítica de John Updike a O Livro do Riso e do Esquecimento, publicada no mesmo dia, aqui.
"Podíamos vê-lo a deambular, nos anos 30, nas ruas de Paris, cheio de fome. Fome de comida, fome de escrita, fome de leitura e, inevitavelmente, fome de sexo..."
Leia o resto da crítica de Filipa Melo, no Sol, a Sexus, de Henry Miller, aqui.
"Há livros que provocam um tal alarido fora das suas páginas que só quando o silêncio regressa são devidamente apreciados..."
Leia a continuação da crítica de Sara Figueiredo Costa, na Time Out, a Sexus, de Henry Miller, no blogue Cadeirão Voltaire.
Inspirada por um conceito intrinsecamente associado a qualidade e singularidade, esta colecção tem por objectivo reunir obras literárias excepcionais, da autoria de escritores consagrados.
Considerado pelo The Observer como um dos 100 melhores livros de sempre.
Em 1971, três anos após a ocupação do seu país pelos Russos, Mirek – sob vigilância da polícia secreta – tenta recuperar as cartas de amor que escreveu a uma ex-namorada. Marketa e o marido, Karel, têm de lidar com a atitude cada vez mais infantil da mãe de Karel e, simultaneamente, com a amoral Eva e os desejos do passado. Numa pequena escola de Verão francesa, duas raparigas americanas aprendem as lições do riso. Jan, de 41 anos, prepara-se para atravessar diversas fronteiras – geográficas, existenciais e eróticas – para ter uma nova vida nos Estados Unidos. E Tamina, a quem o exílio obriga a trabalhar como camareira, luta desesperadamente contra o esquecimento, que começa a esfumar a recordação do seu falecido marido. A história desta bela exilada contém as verdades fundamentais do livro: a experiência trágica da Primavera de Praga e a vida no mundo ocidental.
Política e erotismo, humor e tristeza, utopia e quotidiano; contrastes que alimentam este “romance em forma de variações”, que é não mais que uma viagem ao coração da existência humana no século XX. Num mundo onde a História pode ser reescrita de dia para a noite e em que o amor pode ser vítima quer da intromissão política, quer da traição pessoal, estas são histórias de homens e mulheres a viver um esquizofrénico quotidiano de opressão pública e desejos privados.
“Uma obra-prima.”
Salman Rushdie
“Uma obra-prima, um dos mais belos romances da segunda metade do século XX.”
António Mega Ferreira, Expresso
“Não há uma verdade mas diversas verdades (ou diversas ‘mentiras’), e Milan Kundera, cavaleiro solitário da arte, proporciona-nos o direito de as pressentirmos, apelando à nossa lucidez… Kundera é um escritor, um artista, não é um dissidente ‘à
Clara Ferreira Alves, Expresso
“Kundera é precisamente um romancista realista e metafísico; de um realismo e de uma metafísica extenuados e dolorosos; e, por esta razão, capaz de lampejos, de intuições penosas, de aparições escaldantes, de centelhas e de espasmos.”
Antonio Tabucchi,
Em Fevereiro, 1948, o dirigente comunista Klement Gottwald subiu à varanda de um palácio barroco de Praga para falar às centenas de milhares de cidadãos aglomerados na praça da Cidade Velha. Foi uma grande viragem na história da Boémia. Um momento fatídico, como acontece uma ou duas vezes por milénio.
Gottwald fazia-se acompanhar pelos camaradas, e ao lado, muito perto, estava Clementis. Nevava, estava muito frio, e Gottwald vinha de cabeça descoberta. Clementis, muito solícito, tirou o gorro de pele que trazia e colocou-o na cabeça de Gottwald.
A secção de propaganda fez centenas de milhares de exemplares da fotografia da varanda de onde Gottwald, de gorro de pele e rodeado pelos camaradas, fala ao povo. Nesta varanda começou a História da Boémia comunista. Todas as crianças conheciam a fotografia, porque a tinham visto nos cartazes, nos manuais ou nos museus.
Quatro anos mais tarde, Clementis foi acusado de traição e enforcado. A secção de propaganda fê-lo desaparecer imediatamente da História e, como é evidente, de todas as fotografias. A partir daí, Gottwald está sozinho na varanda. Onde ficava Clementis há apenas a parede vazia do palácio. De Clementis restou o gorro de pele na cabeça de Gottwald.
Continue a ler a primeira parte de O Livro do Riso e do Esquecimento aqui.
Romancista e ensaísta, Milan Kundera nasceu em Brno, na República Checa, em 1929. Após a publicação de A Brincadeira (1967), que lhe conferiu uma notoriedade imediata, e de O Livro dos Amores Risíveis (1969) (Prémio da União dos Escritores Checoslovacos), é vítima da repressão soviética a seguir ao esmagamento da Primavera de Praga. Os seus livros são interditos, é proibido de trabalhar e perde o direito de publicar. Em 1975, foge para Paris, onde vive desde então, tornando-se cidadão francês em 1981, após lhe ter sido retirada a nacionalidade checoslovaca, como consequência da publicação em França de O Livro do Riso e do Esquecimento.
Toda a sua obra está traduzida em Portugal, nomeadamente, nas Edições ASA, os romances A Identidade, A Lentidão, A Ignorância, A Valsa do Adeus e O Livro do Riso e do Esquecimento, a peça de teatro Jacques e o seu Amo e os ensaios Os Testamentos Traídos e A Cortina. Entre outros prémios, Milan Kundera recebeu, pelo conjunto da sua obra, o Common Wealth Award (1981), o Prémio Jerusalém (1985) e o Prémio Nacional de Literatura da República Checa (2007).
A sua obra A Insustentável Leveza do Ser foi adaptada ao cinema em 1988 por Philip Kaufman e protagonizada por Daniel Day-Lewis e Juliette Binoche. A Brincadeira foi também transposta para o cinema por Milos Forman em 1969.
1964 – Prémio Estatal da República Socialista da Checoslováquia
1969 – Prémio da União dos Escritores Checoslovacos para O Livro dos Amores Risíveis
1973 – Prémio Médicis para o melhor romance estrangeiro publicado em França para A Vida não é Aqui
1978 – Prémio Mondello para o melhor livro publicado em Itália para A Valsa do Adeus
1981 – Common Wealth Award pelo conjunto da sua obra
1982 – Prémio de Literatura Europeia pelo conjunto da sua obra
1984 – Prémio do Los Angeles Times para a ficção para a obra A Insustentável Leveza do Ser
1985 – Prémio Jerusalém pelo conjunto da sua obra
1987 – Prémio da Crítica da Academia Francesa para A Arte do Romance
Prémio Nelly-Sachs
Prémio do Estado Austríaco para a Literatura Europeia
1991 – Prémio de Ficção Estrangeira do The Independent para A Imortalidade
1993 – Prémio Aujourd’hui para Os Testamentos Traídos
1994 – Prémio Jaroslav Seifert para A Imortalidade
1995 – Medalha de Mérito da República Checa pela sua contribuição para o desenvolvimento da democracia
2000 – Prémio Herder da Universidade de Viena
2005 – Prémio de Literatura de Brno
Finalista do Man Booker International Prize 2005
2006 – Prémio Ladislav Kujs da Academia de Letras da República Checa
2007 – Prémio Nacional de Literatura da República Checa
2009 – Prémio Mundial da Fundação Simone e Cino del Duca
Pianista, coveiro, bibliotecário, pugilista… estes foram, entre outros, alguns dos ofícios do inquieto Henry Miller. Filho de um modesto alfaiate nova-iorquino, cresceu nas ruas de Brooklyn, cenário inicial de uma vida que ele próprio descrevia como sendo “mais real e mais importante do que tudo o que pudesse inventar”. Desconcertantemente sincero, crítico e inconformista, abandonou a América com destino a Paris, na década de 1930, para levar uma vida literária boémia. Miller chamaria a esta morte da sua antiga existência e ressurreição como escritor a “Rosa-Crucificação”. Esta dramática transformação forneceu o leitmotiv para alguma da sua melhor escrita, corporizando tudo o que ele sentia acerca da autolibertação e da verdadeira vida do espírito.
SEXUS, o livro primeiro da trilogia “Rosa-Crucificação”, recorda, de forma ficcionada, a vida americana de Miller nos anos 20, quando, numa busca frenética por antídotos para o seu emprego monótono e a vida num “bairro morbidamente respeitável” com a sua mulher Maude, alimentou uma obsessão pela misteriosa e promíscua Mara.
Publicado originalmente em Paris em 1949, este picaresco e extraordinariamente sincero relato das escapadelas sexuais de Miller esteve proibido nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha durante quase vinte anos.
o livro do riso e do esquecimento