O romance O Amante é assumidamente autobiográfico. A protagonista, uma adolescente francesa filha da diretora de uma escola, conhece um empresário chinês numa barcaça que atravessa o rio Mékong. Estamos na Indochina, no final dos anos vinte do século XX, ainda antes daquela colónia francesa se tornar no atual Vietname.
Tal como na memória não há nada de linear neste livro que é um dos marcos da literatura francesa da segunda metade do século passado. A escrita de Marguerite Duras é de uma exatidão extrema. O resultado final, na acumulação de imagens e momentos, tem o mesmo carácter difuso que constitui a matéria das nossas recordações mais fundas.
A rapariga de quinze anos e meio terá o seu primeiro amante mas, mais do que essa história, de uma iniciação amorosa, esta é a história de como os sentimentos se misturam, estão longe - como tudo o que vivemos – de ser puros e lineares: «por vezes sei isto: que a partir do momento em que escrever não é todas as coisas confundidas, ir à vacuidade e ao vento, escrever não é nada».
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o livro do riso e do esquecimento