O mais carismático escritor israelita vivo é exímio ao descrever a vida de um homem sonhador e tímido de meia-idade que não consegue superar a sua insegurança. Ao sentir que decepcionou a sua família, aproxima-se da carismática Annette mas não consegue levar avante as suas intenções mantendo uma relação sexual estéril com Nina.
Crítica da autoria de Helena Vasconcelos, publicada na Storm Magazine.
O Egipto vai publicar pela primeira vez traduções para árabe dos romances de Amos Oz e David Grossman, segundo afirmou uma fonte do Ministério da Cultura à AFP.
"Espero concluir até início de Julho o acordo com os editores deles em inglês ou francês, mas sem passar pelos editores israelitas", afirmou Gaber Asfour, director do Centro Nacional de Tradução, que diz ter recebido a luz verde do ministro da Cultura, Farouk Hosni.
Apenas duas obras israelitas foram publicadas nestes últimos anos no Egipto, o primeiro país a instaurar a paz com o Israel em 1979.
Amos Oz é o autor israelita mais traduzido em todo o mundo, estando as suas obras disponíveis em 36 línguas. Na colecção Vintage, foi publicada recentemente o seu romance A Terceira Condição.
Na ASA saem dois novos títulos da recém-criada colecção Vintage, que tem como objectivo lançar, em edições cuidadas, grandes obras da literatura mundial. É o caso de A Terceira Condição de Amos Oz, e O Livro do Riso e do Esquecimento, de Milan Kundera. O Primeiro centra-se no conflito entre israelitas e palestinianos, retratado através de Fima, um homem de meia-idade que decepciona muita gente, incluindo ele próprio. Ao longo desta história acompanha-se o reencontro de Fima com a sua condição de judeu errante. O segundo reúne um conjunto de histórias que se interligam na exploração da natureza humana e do mundo tal como o conhecemos no século XX. Uma obra em que a ficção é um pretexto para se falar de memórias autobiográficas e acontecimentos históricos que Milan Kundera viveu na primeira pessoa, na conturbada história da União Soviética.
Se o conceito está na moda para tudo, por que não haveria de estar também para os livros? É o argumento para se reunirem estes três livros – com mais a caminho – sob o mesmo “tecto”: uma Colecção Vintage. O grafismo das capas pisca discretamente o olho ao conceito, mas não é esse o objectivo principal a reter. Aqui, é à intenção que se deve dar valor. Porque no fundo trata-se apenas de um bom motivo para dar nova vida a obras fundamentais de uma selecção cuidadosa de escritores conceituados. Se já temos Sexus – o ponto inaugural da fundamental trilogia Rosa-Crucificação –, O Livro do Riso e do Esquecimento – pano de fundo para toda uma obra de casamento entre humor e reflexão filosófica – e A Terceira Condição – o pulsar mais claro de uma voz que tem tanto de literária como de histórica –, não precisamos de pedir muito mais para que os ventos da moda vintage tenham sido bem aproveitados.
Podem também encomendar A Terceira Condição, de Amos Oz, através da Mediabooks.
Cinco dias antes do drama, Fima teve um sonho que registou às cinco e meia da manhã no seu bloco de sonhos. Este, de cor castanha, jazia debaixo de uma pilha desordenada de jornais e revistas velhos que se encontrava no chão, aos pés da cama. Fima tinha o costume de escrever na cama, aos primeiros alvores da madrugada, quando a luz pálida surgia quebrada pelas ripas dos estores. Se não tinha sonhado nada ou se se tinha esquecido, mesmo assim acendia o candeeiro, piscava os olhos, sentava-se na cama e, colocando sobre os joelhos uma revista grossa que improvisava um tampo de mesa, escrevia, por exemplo, isto:
“Vinte de Dezembro — nada.”
ou:
“Quatro de Janeiro — algo com uma raposa e uma escada, mas com pormenores apagados.”
Continue a ler A Terceira Condição aqui.
Um ponto de vista apaixonante sobre o conflito que opõe israelitas e palestinianos.
Fima é um sonhador totalmente incapaz de agir sobre a sua própria vida. Este homem de meia-idade sofre por sentir que decepcionou o seu pai ao acomodar-se a um emprego como recepcionista de uma clínica ginecológica, e a sua ex-mulher, a quem permitiu abandonar o casamento sem opor qualquer resistência. Fima também se decepciona a si próprio diariamente. Fascinado pela carismática Annette, nada faz para se aproximar dela e mantém uma amizade estéril com Nina, para quem cada acto sexual dá azo a uma obsessiva espiral de limpeza pessoal e doméstica. Ele não consegue sequer matar uma barata sem que se sinta sufocar em reflexões sobre o povo judeu. Fima acabará, contudo, por ter o seu momento de redenção durante um passeio pelas ruas de Jerusalém, quando se pacifica por fim com o seu estatuto de judeu errante.
“Um romance notável. Se o leitor é daqueles que ainda não foram tocados pela magia do verbo deste escritor, sugerimos-lhe que faça a sua estreia com A Terceira Condição.”
“Um livro interessante feito de memória, actualidade e afectividade. Podemos dizer que Amos Oz é a voz frontal do seu povo. Igual ao húmus da sua terra.”
“Um romance de alto nível literário.”
“O mais encantador personagem literário da década.”
Elle
“Espantoso, electrizante e inebriante.”
The New Yorker
“Realista e onírico, cómico e grave, límpido mas enigmático, A Terceira Condição confirma o lugar de Amoz Oz entre os maiores romancistas contemporâneos.”
L’Hebdo
“Eloquente, humano, até religioso no sentido mais profundo da palavra, Amos Oz emerge como uma espécie de Orwell sionista: um homem complexo, obcecado com a decência e determinado, acima de tudo, em contar a verdade, independentemente de quem possa ofender.”
Newsweek
Amos Oz nasceu em Jerusalém, em 1939, no seio de uma família judaica de emigrantes russos e polacos. Aos 15 anos enfrentou o pai e abandonou Jerusalém para viver e trabalhar no kibutz de Hulda, onde completou o ensino secundário. Após terminar o serviço militar em 1961, voltou ao kibutz para trabalhar nos campos de algodão.
Com apenas 20 anos publicou o seu primeiro conto na prestigiante revista literária Keshet, tendo a assembleia do kibutz decidido enviá-lo para a Universidade Hebraica de Jerusalém para estudar Filosofia e Literatura. Voltou licenciado ao kibutz de Hulda, onde repartiu o tempo entre a escrita, o trabalho e o ensino.
Em 1967, era reservista da unidade de blindados que lutou na frente do Sinai durante a Guerra dos Seis Dias e, em Outubro de 1973, combateu na Guerra do Yom Kippur nos montes Golã.
Entre 1969 e 1970 foi professor convidado no St. Cross College de Oxford. Em 1975 e 1990, foi escritor residente na Universidade Hebraica de Jerusalém. Entre 1984 e 1985, passou, com a mulher e o filho, um ano como professor residente no Colorado Spring College nos Estados Unidos.
Amos Oz continua a dedicar-se à escrita e ao ensino. É professor catedrático de Literatura Hebraica na Universidade Ben-Gurion do Neguev
Desde a Guerra de 1967, Amos Oz publicou inúmeros artigos e ensaios sobre o conflito israelo-árabe e fez campanha a favor da paz através de um compromisso baseado no mútuo reconhecimento; da convivência pacífica entre Israel e um Estado palestiniano na Cisjordânia e
Em 1991, foi eleito membro da Academia da Língua Hebraica. Em 1992, recebeu o Friendenpreis, outorgado pelo governo alemão e um dos mais prestigiantes pela luta a favor da paz. Em 2004, recebeu o Prémio Internacional da Catalunha e Uma História de Amor e Trevas o Prémio France Culture e o Prémio de Literatura do Die Welt. Em 2007, recebeu o Prémio Príncipe de Astúrias de Literatura.
É autor de doze romances, três livros de contos, sete ensaios e um livro infantil. No catálogo ASA estão já publicados os romances A Terceira Condição, Não Chames à Noite Noite, Uma Pantera na Cave, O Meu Michael, O Mesmo Mar e Uma História de Amor e Trevas.
Amos Oz é o autor israelita mais traduzido em todo o mundo, estando as suas obras disponíveis em 36 línguas.
o livro do riso e do esquecimento