Segunda-feira, 8 de Fevereiro de 2010

A CRÍTICA DA TIME OUT A PLEXUS

 

 

Depois do affair Miller, que escandalizou Paris com a publicação de Sexus, Henry Miller prosseguiu a sua Trilogia da Rosa-Crucificação com este Plexus, originalmente editado em 1953.

A relação obsessiva com Mona, que já atravessara o primeiro volume, coloca agora o narrador a braços com a sobrevivência diária, depois de desistir de um emprego estável numa companhia telegráfica para se dedicar à escrita. Ao sexo, às bebedeiras e às deambulações filosóficas sem outro método que não o ir andando junta-se a necessidade de arranjar dinheiro e a persistência de escrever e publicar. Miller negou sempre o carácter autobiográfico desta trilogia, e em benefício de uma leitura baseada apenas no texto e não nos factóides que o envolvem, essa é a postura mais indicada, mesmo que não seja difícil encontrar ecos da vida do autor nesta catadupa torrencial e desordenada de personagens alucinadas, noites de copos com final imprevisível e desejos mais ou menos concretizados (com mais ou menos acrobacias circenses pelo meio). A alternativa de ler Plexus, bem como os outros dois volumes da trilogia, como uma descrição da vida do autor pode ser tentadora do ponto de vista da bisbilhotice mas retira à leitura a sua maior dádiva: a queda, sem rede, dentro de uma narrativa labiríntica, povoada pelas personagens mais improváveis e desarticuladas e ritmada pelos impulsos e pela urgência de os satisfazer.

 

Crítica de Sara Figueiredo Costa, a Plexus, de Henry Miller, publicada na Time Out Lisboa, no dia 3 de Fevereiro.

publicado por Miguel Seara às 12:35

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Terça-feira, 12 de Janeiro de 2010

LEIA O PRIMEIRO CAPÍTULO DE PLEXUS

 

 

Com o seu vestido persa muito justo e um turbante a condizer, estava encantadora. A Primavera tinha chegado e ela calçara luvas compridas e drapeara displicentemente à volta do pescoço belo e robusto uma linda estola em pele, de um tom cinzento-acastanhado. Decidíramos procurar apartamento em Brooklyn Heights, pois a ideia era afastarmo-nos o mais possível de toda a gente que conhecíamos, em especial de Kronski e Arthur Raymond. O Ulric era o único a quem fazíamos tenções de dar a nova morada. Seria uma verdadeira vita nuova para nós, livre de intrusões do mundo exterior.

 

No dia em que resolvemos procurar o nosso ninho de amor estávamos radiantes. Sempre que chegávamos a um pórtico e tocávamos à campainha abraçava-a e beijava-a vezes sem conta. O vestido assentava-lhe como uma luva. Nunca a tinha visto tão atraente. Às vezes a porta abria-se antes de nos conseguirmos separar. Havia alturas em que nos pediam para mostrar a aliança ou a certidão de casamento.

 

Perto do final do dia demos com uma mulher do Sul, liberal e calorosa, que pareceu gostar logo de nós. A casa que tinha para alugar era impressionante, mas muito acima das nossas posses. É claro que Mona estava decidida a ficar com ela; era mesmo o tipo de casa onde sempre sonhara viver. O facto de a renda ser o dobro do que fazíamos tenções de pagar não a incomodava nada. Eu que deixasse tudo por conta dela – daria conta do recado. A verdade é que eu queria o apartamento tanto quanto ela, mas não tinha ilusões quanto a dar conta do recado. Estava convencido que se ficássemos com ele afundar-nos-íamos.

 

É claro que a mulher com quem conversávamos não suspeitava que constituíamos risco. Estávamos confortavelmente sentados no apartamento dela, no andar de cima, a beber xerez. O marido não tardou a chegar. Também ele nos achou um casal muito simpático. Era da Virgínia, um verdadeiro cavalheiro. A minha posição no mundo cosmodemónico impressionou-os claramente. Mostraram-se muito espantados por ver alguém tão novo como eu numa posição de tanta responsabilidade. Mona, é claro, aproveitou-se completamente da situação. A acreditar no que ela dizia, eu já estava na calha para o lugar de superintendente, e dentro de poucos anos alcançaria a vice-presidência.

 

Continue a ler o primeiro capítulo de Plexus, de Henry Miller, aqui.

publicado por Miguel Seara às 09:00

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Sexta-feira, 8 de Janeiro de 2010

PLEXUS – HENRY MILLER

 

PLEXUS é o romance central da trilogia “Rosa-Crucificação”, iniciada com SEXUS. Relato ficcionado da frenética e extraordinária vida de Henry Miller com a sua sensual segunda mulher, Mona, em Nova Iorque, é um testemunho da caótica metamorfose do autor e do seu absoluto amor pela vida.

 

Encorajado por Mona e ansioso por se dedicar à escrita, Henry Miller abandona o seu emprego estável na Companhia Telegráfica Cosmodemónica. O quotidiano transforma-se então numa inglória mas sempre criativa luta pela sobrevivência, em que ambos são desesperadamente pobres e absurdamente felizes. Nos seus relatos de uma vida simultaneamente sublime e miserável, PLEXUS é, acima de tudo, uma história de amor – o amor incondicional e obsessivo que Miller sente por Mona, apesar dos seus defeitos; pela vida, apesar dos seus muitos reveses; e pela língua inglesa.

Publicado originalmente em Paris em 1953 e proibido nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha durante quase quinze anos, PLEXUS é uma erótica celebração de uma vida dissoluta.

publicado por Miguel Seara às 15:42

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PLEXUS – A CRÍTICA

 

 

“A vida de Henry Miller é um testemunho na carne do que foi o século XX:”

Expresso

 

“A grandeza de Henry Miller reside na sua capacidade para sentir todos os medos e pânicos do Homem. Como escritor, nunca se permite pousar a caneta, porque tudo o que tem a dizer acerca das estranhas e não tão estranhas criaturas que povoam a sua vida nunca chegará ao fim. Ele escreve com uma energia e autenticidade ousadas. Mais do que qualquer outro homem, ele vive nas zonas proibidas.”

Time

 

Plexus é simplesmente o mais extraordinário romance de emoções e ideias, visões e pesadelos, sobre o Homem e a sociedade no século XX.”

Maxwell Geismar

 

Henry Miller é incomparável a fazer aquilo que melhor sabe, num estilo irreverente.”

The New Yorker

publicado por Miguel Seara às 15:41

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HENRY MILLER

 

 

Henry Miller nasceu em Dezembro de 1891, em Brooklyn, em Nova Iorque. Teve uma grande variedade de empregos enquanto jovem. Encorajado por June Mansfield Smith, a sua segunda de cinco mulheres, Miller começou a escrever. Para além de artigos, contos e poemas em prosa, Henry Miller começou a escrever os seus primeiros romances, Crazy Cock e Moloch ou este Mundo Pagão, e as numerosas notas que mais tarde se transmutaram nos conhecidos livros dos Trópicos.

 

Em 1930, Henry Miller foi viver para Paris. Durante os dez anos seguintes, misturou-se com os expatriados empobrecidos e os parisienses boémios, entre eles Brassaï, Artaud e Anaïs Nin, com quem manteve uma relação bastante documentada. O seu primeiro livro publicado, Trópico de Câncer, foi editado pela Oblisk Press em Paris. Foi seguido cinco anos mais tarde por Trópico de Capricórnio. Sexualmente explícitos e desavergonhadamente sinceros, estes dois livros electrificaram a vanguarda literária europeia, receberam elogios de Eliot, Pound, Beckett e Durrelll, mas foram quase universalmente banidos fora de França.

 

Henry Miller regressou aos Estados Unidos em 1940, estabelecendo-se em Big Sur, na Califórnia, onde escreveu a trilogia da “Rosa-Crucificação”Sexus (1949), Plexus (1953) e Nexus (1959), mas, encarado por muitos como um escritor de “livros porcos”, não conseguiu que as suas grandes obras fossem publicadas nos Estados Unidos. Em 1961, após uma épica batalha legal, Trópico de Câncer foi finalmente publicado na América. Henry Miller tornou-se bastante conhecido e foi aclamado pela contracultura dos anos 60 como um profeta da liberdade e da revolução sexual.

 

Henry Miller morreu a 7 de Junho de 1980, em Big Sur, na Califórnia.

 

A par de Sexus e Plexus, no catálogo ASA figuram também as obras O Sorriso aos Pés da Escada e Moloch ou Este Mundo Pagão.

publicado por Miguel Seara às 15:40

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Quinta-feira, 31 de Dezembro de 2009

EM JANEIRO...

 

publicado por Miguel Seara às 10:51

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Quarta-feira, 1 de Abril de 2009

A TRILOGIA DA "ROSA-CRUCIFICAÇÃO"

Henry Miller levou mais de dez anos a completar a trilogia da “Rosa-Crucificação”, que iniciou em 1949 com Sexus – uma obra tão controversa que pôs Paris em grande alvoroço com o “affair Miller” (e que fez com que o seu editor fosse ameaçado com a prisão) – e a que se seguiu Plexus (1953) e, por fim, Nexus (1959). Estas três obras são uma deslumbrante exibição de instantâneos do quotidiano, sexo e ideias. Dos últimos dias de Miller em Nova Iorque à sua relação com June Miller e a sua amante, dos seus mais íntimos pensamentos à crueza dos seus dias e noites, o autor despede-se gloriosamente da vida que levou e antecipa a vida que se seguiria.

publicado por Miguel Seara às 09:55

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